terça-feira, 3 de março de 2015

À procura de Vivian Maier


Vivian Maier (1926 - 2009) era até há dois ou três anos uma autêntica anónima. Agora passou a ser conhecida por ter sido uma das melhores fotógrafas dos EUA durante décadas. Personalidade reservada e bizarra (tinha um lado sombrio e enigmático - não conseguia estar ao lado de homens), Vivian Maier era uma simples ama que nos tempos livres se dedicava a fotografar as ruas e as pessoas de Nova Iorque e de outras cidades. O incrível é que ela tirou mais de 100 mil fotografias e guardou todos os rolos em dezenas de caixotes. Ou seja, não revelou praticamente nenhuma fotografia! O seu comportamento era compulsivo, doentio, quase como uma obsessão vital em registar momentos quotidianos da sociedade norte-americana.

Sempre a preto e branco e num ângulo sempre idêntico (tinha uma máquina Leica), as suas fotografias denotam um olhar perspicaz sobre rostos anónimos, pessoas comuns (entre burguesia e mendigos) e paisagens urbanas. Também fazia auto-retratos (vulgo selfies hoje). Todo o seu gigantesco espólio - grande parte ainda por revelar - foi descoberto por acaso por um jovem chamado John Mallof, co-autor do documentário sobre a sua vida. Comprou-o num leilão e agora dedica a sua vida a divulgar o seu trabalho e a exibir as fotografias de Vivian em museus e galerias de arte. 

"Finding Vivian Maier" ("À Procura de Vivian Maier") é o título do documentário candidato aos Óscar deste ano na mesma categoria. Procura desvendar quem foi esta mulher estranha e contraditória através de depoimentos de pessoas que lidaram com ela em vida. Provavelmente Vivian Maier nunca autorizaria em vida a publicação das suas fotografias. O motivo desconhece-se. Uma coisa é certa: o seu legado só veio enriquecer a história da fotografia do século XX.





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