segunda-feira, 29 de abril de 2013

Waits na objectiva de Corbijn

Uma excelente novidade para quem gosta do músico Tom Waits ou do fotógrafo (e realizador) Anton Corbijn. Ou então para quem gosta de ambos, como é o meu caso: vai ser editado dentro de uma semana um fantástico álbum de fotografias com 200 páginas contendo fotografias de Tom Waits tiradas por Anton Corbijn (autor do filme "Control" sobre os Joy Division)
As fotografias, todas as preto e branco como é marca estética de Corbijn, retratam mais de três décadas de relação (1977 - 2011), resultando agora neste precioso livro limitado a apenas 6.600 cópias. Mais: tem prefácio do realizador Jim Jarmusch, amigo de Waits e de Corbijn. 
O problema neste tipo de edições de coleccionador é o preço: nos EUA, via Amazon, custa 179 Dólares.

domingo, 28 de abril de 2013

As 42 palavras de Bowie

Segundo esta notícia, David Bowie aceitou o desafio de escolher um conjunto de palavras que definissem o seu novo álbum "The Next Day". Bowie surpreendeu e enviou mesmo ao jornalista 42 palavras que, segundo o músico, "ajudam" a compreender o conceito por detrás do seu novo trabalho.
Agora ficará ao critério de cada um tentar interpretar e relacionar - segundo os conhecimentos de semiótica de cada um - este conjunto de palavras à luz da música de David Bowie:

Efígies 
Indulgências 
Anarquista
Violência
Ctónico
Intimidação
Vampírico
Panteão
Súcubo
Refém
Transferência
Identidade
Mauer
Interface
Esvoaçando
Isolamento
Vingança
Osmose
Cruzada
Tirano
Dominação
Indiferença
Miasma
Pressgang
Deslocado
Vôo
Restabelecimento
Fúnebre
Deslizar
Traço
Balkan
Enterro
Reverter
Manipular
Origem
Texto
Traidor
Urbano
Réplica
Trágico
Nervo
Mistificação

sábado, 27 de abril de 2013

Os preferidos de Kubrick

A meio dos anos 1970, um jornalista perguntou a Stanley Kubrick quais os seus filmes preferidos de sempre. Eis as escolhas do cineasta:

- "Os Inúteis" (1953) - Federico Fellini
- "Morangos Silvestres" (1958) - Ingmar Bergman
- "Citizen Kane" (1941) - Orson Welles
- "O Tesouro de Sierra Madre" (1948) - John Huston
- "Luzes da Cidade" (1931) - Charlie Chaplin
- "Henrique V" (1948) - Lawrence Olivier
- "A Noite" (1961) - Michelangelo Antonioni
- "The Bank Dick" (1940) - Edward Cline
- "Roxie Hart" (1942) - William Wellman
- "Os Anjos do Inferno" (1939) - Howard Hughes

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Cinemateca a definhar

O drama da falta de apoio à cultura continua em Portugal. Neste caso, a Cinemateca Portuguesa (Lisboa), verdadeira instituição de utilidade pública e espaço de preservação da memória e difusão da história do cinema, debate-se com graves problemas financeiros que põem em causa toda a sua estrutura e função (no fundo, este é um caso paradigmático que comprova o estado geral da cultura e das artes em Portugal). 
Desde há meses que os cortes do Estado têm condicionado de forma directa a acção da Cinemateca, como a suspensão da publicação da programação, a redução de exibições diárias e a não legendagem electrónica dos filmes.
Agora são os ciclos temáticos que são afectados, facto que deteriora gravemente a qualidade do serviço prestado por esta instituição. Basta ler o pragmático comunicado da própria Cinemateca para ficar a conhecer a situação deveras periclitante com que se debate a Cinemateca: 

"Por falta de dinheiro, a Cinemateca Portuguesa suspendeu os ciclos de cinema para o mês de maio. A direcção da Cinemateca afirma não poder assumir compromissos financeiros com a importação de filmes e legendagem. A falta de receitas foi agravada por causa da acentuada quebra na publicidade que fez baixar a taxa cobrada às televisões. Se não houver um reforço das receitas a direcção da Cinemateca diz que não vai poder assumir encargos com o aluguer, transporte ou legendagem dos filme."

quarta-feira, 24 de abril de 2013

12 Estreias numa semana?!


Li hoje um artigo na imprensa espanhola que dá conta que o último fim-de-semana foi o pior (repito: o pior) de sempre em termos de bilheteira nas salas de cinema. Já por diversas vezes dei aqui conta que a crise e outros factores estão a afastar os espectadores das salas de cinema e que Espanha é um dos países onde mais se faz sentir a queda brutal de receitas.
O artigo enumera três causas principais para este descalabro: a crise económica, o excesso de centros comerciais com salas de cinema com programação comercial e, por fim, o número exorbitante e desproporcional de estreias por semana (outro aspecto negativo de que já escrevi também). Para se ter uma ideia, em Portugal estreiam, em média por semana, 6 a 8 filmes; em Espanha, a média são 10, e a última semana foram estreados 12 (doze!) filmes! Como é óbvio, é uma oferta completamente descabida e que só pode provocar salas vazias (com a inevitável concorrência da internet a ajudar).
Torna-se urgente redimensionar o mercado de distribuição de cinema para que este não morra de vez.

terça-feira, 23 de abril de 2013

O que diz Tarkovski #1

"Buñuel é, sobretudo, portador de uma consciência poética. Ele sabe que a estrutura estética não necessita de manifestos, e que a força da arte não se encontra aí, mas sim no poder de persuasão, naquela força vital única a que se referia Gogol. E há que salientar que a obra de Buñuel está profundamente enraizada na cultura clásica espanhola. É impossível pensar nele sem o seu vínculo inspirado com Cervantes e El Greco, Lorca e Picasso, Salvador Dalí e Arrabal."

domingo, 21 de abril de 2013

Mastroianni e Oliveira



Na autobriografia "Eu Lembro-me, Sim, Bem Me Lembro" de Marcello Mastroianni, o actor italiano divaga sobre as suas incríveis aventuras (na vida e no cinema) com actores, actrizes, e realizadores como Fellini, Marco Ferreri ou o português Manoel de Oliveira.
Quando Mastroianni veio em 1996 a Portugal realizar o filme "Viagem ao Princípio do Mundo" de Manoel Oliveira, nunca imaginaria que seria o seu último filme em 50 anos de carreira (morreu pouco depois de participar no filme).
Na altura, Mastroianni tinha 72 anos e Oliveira 88 anos. No livro que mencionei, eis o que Mastroianni escreve sobre Oliveira pouco antes do início da rodagem do filme:
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"Manoel de Oliveira tem 88 anos. Nunca vi os filmes dele, mas conheço-e de nome, é um papa do cinema internacional. Achei a ideia de trabalhar com um realizador de 88 ano um privilégio. Trabalhar com um homem de trinta ou trinta e cinco anos é normal. Mas digo: oitenta e oito anos! Chega a ser irritante ver a sua energia. De manhã à 8h já está na piscina a tomar banho, e faz frio!"

sábado, 20 de abril de 2013

A loja dos suicídios



Fixem este filme: "A Pequena Loja dos Suicídios" ("Le Magasin des Suicides", 2012). 
Trata-se de um dos melhores filmes de animação que vi nos últimos anos. É a primeira experiência na animação do consagrado cineasta francês Patrice Leconte, estreou no último Festival de Cannes e irá estrear em breve em Portugal. 
"A Pequena Loja dos Suicídios" é baseado num livro homónimo do escritor francês Jean Teulé e revela-se de uma comédia musical negra sobre uma cidade tão triste, deprimida e desesperada que os cidadãos (e até os animais) se suicidam de forma quotidiana. Para tal, muito contribui uma loja que vende todo o tipo de material e instrumentos facilitadores do acto suicida (cordas para enforcamento, venenos, armas, etc). O filme está brilhantemente bem realizado, tem personagens icónicas e todo o ambiente e a história fazem lembrar o universo macabro de Tim Burton (até na referência à música de Danny Elfman, aqui da autoria do compositor francês Étienne Perruchon - ouvir aqui uma excelente canção de introdução à excêntrica família Tuvache que gere a loja dos suicídios).  
O filme destila um humor bastante negro e absurdo, mais vocacionado para os adultos do que para as crianças (a ideia de que o cinema de animação é só para público infanto-juvenil é um dogma que tem de ser desfeito). E tal como o realizador Leconte explicou numa entrevista, "A Pequena Loja dos Suicídios" é uma metáfora da sociedade actual que tem como pano de fundo a crise económica, o desespero da incerteza do futuro, a angústia existencial e a ausência de valores. Tudo isto é abordado nesta brilhante animação com inteligência e criatividade. 
A animação francesa a marcar pontos, portanto.
Eis o trailer:

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Perguntas retóricas


Custa a crer que seja uma história verídica.
Seja verídica ou não, tem a sua piada: um dia, nos anos 40 do século passado, o realizador Howard Hawks convidou para uma caçada o escritor William Faulkner (prémio Nobel da Literatura) e o actor Clark Gable (imortalizado no papel do galã Rhett Butler em "E Tudo o Vento Levou").
Para fazer conversa, o actor - que nunca lera um livro na vida - perguntou:
- "Ah, então escreve, senhor Faulkner?". O escritor, que raramente ia ao cinema, admitiu:
- "Sim. E o senhor faz o quê?"


quarta-feira, 17 de abril de 2013

As memórias de William Friedkin

É de celebrar a edição de livros escritos por realizadores ainda vivos. Ou seja, autobiografias. Ao longo dos anos, li duas autobiografias que me marcaram bastante: a de Chaplin e a de Buñuel. Hoje em dia é raro haver um realizador que escreva as suas memórias, mais a mais, um realizador com uma carreira sólida e respeitada.
Por isso é de louvar o lançamento (hoje mesmo!) internacional (via Amazon) da autobriografia de um dos grandes cineastas norte-americanos das últimas décadas: William Friedkin (tem agora 77 anos). Apesar da carreira algo irregular e pouco sistemática no tempo, Friedkin foi o responsável por alguns dos mais emblemáticos filmes da década dourada da nova geração de cineastas americanos (1970): "The French Connection" (1971) e "O Exorcista" (1973); e na década de 1980: "Viver e Morrer em Los Angeles" (1985) e "Rampage" (1987).
Nos anos 90 andou mais parado (realizou uma adaptação para televisão do clássico "12 Angry Men" de Sidney Lumet) e regressou em força ao cinema em 2007 com o perturbador "Bug" (que já falei no blogue) e, mais recentemente (ainda sem estreia comercial em Portugal), com a controversa comédia (negríssima) "Killer Joe" (2011).
Hoje tive conhecimento que William Friedkin acaba de lançar as suas memórias em livro e, segundo a crítica, parece tratar-se de um belíssimo testemunho sobre a vida e a carreira deste tão singular (e por vezes esquecido) cineasta americano.
Agora a pergunta sacramental: e para quando uma edição portuguesa?

Discos que mudam uma vida #178

The Cure - "Pornography" (1982)

terça-feira, 16 de abril de 2013

Godard dixit


"Julgo que não devemos sentir nada em relação a um filme. Devemos sentir em relação a uma mulher, não em relação a um filme. Não podemos beijar um filme."

"Tenho pena do cinema francês porque não tem dinheiro. Tenho pena do cinema americano porque não tem ideias."

"Penso que um filme deve ter um princípio, um meio e um fim, mas não necessariamente por esta ordem."

"Tudo o que é preciso para fazer um bom filme é ter uma pistola e uma rapariga bonita."

"A fotografia é verdade. E o cinema é a verdade vinte e quatro vezes por segundo."

"O cinema é a fraude mais bela do mundo."

Jean-Luc Godard

Pfeiffer sedutora

Saudades de ver a Michelle Pfeiffer a cantar, sedutora e bela, em cima do piano no filme "Os Fabulosos Irmãos Baker" (1989):

domingo, 14 de abril de 2013

Um disco-missil

Há discos que ouvimos e que funcionam como mísseis directos à cabeça. Reduzem a cinzas tudo o que se conhecia e criam todo um novo mundo aos nossos olhos e ouvidos. Foi o que me aconteceu, quando tinha apenas 16 anos, e ouvi pela primeira vez o primeiro álbum dos The Jesus and Mary Chain, "Psychocandy":

Um documentário original

Li no semanário Expresso sobre este documentário que irá ser exibido no festival de cinema IndieLisboa. Chama-se "Leviathan" e retrata a pesca comercial no Atlântico Norte. Está filmado com câmaras digitais GoPro (à prova de água) e que permitem ângulos e planos nada convencionais. 
Trata-se de um documentário que tem recebido os maiores elogios da crítica pela forma original como está filmado, pela extraordinária sonoplastia e pelo conteúdo duro e drástico. 
O trailer deixa antever, de facto, um documentário deveras singular:

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Originalidade

"John acorda enterrado no meio da floresta sem memória de como foi parar lá. Perseguido por um psicopata, ele deve lutar contra o tempo para encontrar e salvar sua família."
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Pode parecer mentira, mas este é mais um originalíssimo argumento de um filme ("Modus Anomali") em 2013.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Filmes brasileiros online

Para os portugueses e, porventura, para a grande parte do mundo, a cinematografia brasileira é ainda uma espécie de segredo bem guardado. Tirando alguns nomes mais sonantes que fizeram história e alguns filmes dos últimos anos que tiveram muita projecção mediática, a verdade é que se conhece pouco do cinema do Brasil. Em Portugal as estreias comerciais em sala são praticamente inexistentes, restando os festivais de cinema, o mercado DVD e os canais de televisão por cabo. 
Ah, e resta também a abençoada Internet! E porquê? Porque este exacto link dá acesso a - nem mais nem menos - do que a 169 filmes brasileiros completos para ver online. Filmes de várias décadas, clássicos e raros, e de muitos realizadores distintos, dos mais conceituados aos novatos.
Uma bela oportunidade para conhecer a Sétima Arte brasileira, até para os leitores brasileiros deste blogue.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

O que o filme diz de si
























A revista Sábado gosta de publicar, de quando em vez, artigos sobre temática cinematográfica. Os artigos têm quase sempre pouca profundidade e ficam-se mais pelo lado da curiosidade histórica. Nada contra. Um cinéfilo não vive apenas de artigos eruditos e académicos.
A propósito desta tendência, a Sábado publicou uma curiosa secção na qual tenta relacionar o tipo de filmes que um indivíduo vê (ou gosta) com a sua própria personalidade. 
"O Que o Seu Filme Preferido Diz de Si", é o título desta rubrica assinada pelo psicólogo Nuno Amado. Longe de se tratar de um estudo académico, não deixa por isso de ser uma análise interessante, divertida e com alguma coerência. 
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Por exemplo, se o seu filme preferido é o clássico "Casablanca" de Michael Curtiz, eis o que (supostamente) o filme significa e o que "diz de si":

"Quem gosta do 'Casablanca' pode revelar alguma tendência para a melancolia. A identificação com este filme mostra uma visão do mundo como belo mas trágico. O que melhor se pode fazer é suspirar e, se possível, fumar com melancolia. Fumar como se cada cigarro dissesse: “Pois, este mundo está mesmo de pernas para o ar, isto vai mesmo tudo pelo cano abaixo, não há salvação possível. Mas, diabos me levem se eu não fumo este cigarro como se me fosse indiferente que o mundo acabasse hoje!” Não é incomum que os adeptos deste filme sejam nostálgicos, sendo frequente que se ponham a olhar para o vazio lembrando tempos melhores. Alguns fazem-no já na infância lembrando com saudades a barriga da mãe."

Os outros filme analisados são "Cinema Paraíso", "Matrix", "O Sétimo Selo" e "Twilight".
Ver neste Link.

"Kon-Tiki"

"Kon-Tiki" foi o filme norueguês candidato ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro na edição 2012 dos Óscares. Trata-se de um magnífico filme sobre a expedição "Kon-Tiki" de 1947 levada a cabo pelo eantropólogo Thor Heyerdahl e mais cinco homens, no intuito de tentar provar que os moradores da América do Sul poderiam ter ocupado a Polinésia em épocas pré-colombianas. Para isso, Thor construiu uma balsa com as técnicas e materiais da época e partiu numa aventura de quatro meses através do perigoso Pacífico.
Em 1947, Thor filmou esta aventura que resultaria num documentário que pode ser visto aqui.
Por sua vez, em 2012, o realizador norueguês Espen Sandberg filmou um filme de ficção baseado nos factos verídicos ocorridos antes, durante e após a famosa expedição.
"Kon-Tiki" é, por isso, um filme altamente recomendável pela forma como expressa a força do espírito humano perante as maiores adversidades.
Trailer.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Há cumplicidades para uma vida

    Martin Scorsese e Robert De Niro

Um milhão

Não sei se isto é um dado importante ou relevante por aí além: apenas me limito a constatar este facto: este blog ultrapassou hoje o milhão de visualizações de páginas (pageviews) ao fim de 5 anos e meio de actividade. Ok.

domingo, 7 de abril de 2013

"Cultura de celebridades"


"Penso que há muitos jovens realizadores que só o querem ser porque querem ser estrelas rock. Isso é parte do problema da cultura de celebridades. Os melhores cineastas estão lá (na indústria) porque têm algo para dizer através do cinema. Há 20 anos não o diria porque os jovens de então tinham o cinema como um meio de expressão, mas agora por causa da cultura de celebridades isso é um problema."
David Cronenberg

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Documentário explica "The Shining"

"The Shining" é, juntamente com "2001: Odisseia no Espaço", o filme mais enigmático e fascinante da filmografia de Stanley Kubrick. Isto porque o filme interpretado por Jack Nicholson é um manancial de enigmas e de significados (considerados) ocultos. Aliás, este é talvez o filme de Kubrick que mais teorias de explicação tem suscitado desde que estreou há 30 anos. Há versões e teorias para todos os gostos, até uma teoria delirante que defende que todo o filme "The Shining" representa uma mensagem subliminar sobre a conspiração da viagem do homem à Lua (segundo a qual teria sido Kubrick a filmar e a encenar a ida do homem à Lua - pode ser visto neste link).
De uma forma mais séria, para tentar dar resposta ao mistério que é "The Shining", o realizador Rodney Ascher realizou o documentário "Room 237", que é estruturado em 9 secções, cada uma relacionada com um aspecto determinado do filme e com depoimentos de especialistas e simples fãs obcecados com o filme. O trailer do documentário é brilhante na sua concepção minimalista e visual (a música também é excelente).
O documentário pode ser visto online (versão original) aqui.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Um filme para os tempos de hoje




Vivemos um tempo histórico que parece manipulado e dirigido pelos grandes grupos de interesses (económicos e políticos) à escala global. Um tempo de profundo descrédito das instituições que julgamos defenderem os interesses da sociedade e do indivíduo. Um tempo de paranóia informativa, de puro desnorte de valores válidos. Estes pensamentos trouxeram-me à memória um filme. Um filme que, de forma arrasadora, aborda todos estes assuntos.
Falo de "Bug", do realizador William Friedkin, película que passou ao lado de muita gente quando estreou em Portugal, em Julho de 2007 (o Verão não é altura propícia para se dar atenção a este tipo de filmes).
Do mesmo realizador do essencial thriller dos anos 70 "Os Incorruptíveis Contra a Droga" (1971) e um dos mais assustadores filmes de terror de sempre, "O Exorcista" (1973), "Bug" é um filme-catarse dos traumas reminiscentes do pós-11 de Setembro. Um filme sobre as conspirações do Estado sobre o indivíduo, sobre a crescente loucura que se apodera do homem quando este se sente ameaçado pelo medo e pelo desespero. Ou seja, um olhar sobre a influência nefasta que a crise económica e suas convulsões provocam na mente de um homem.
A história decorre numa contenção rara de recursos - um cenário de hotel decrépito e 4 personagens - o argumento é baseado numa peça de teatro de sucesso e tem um fabuloso Michael Shannon como actor principal.
Paranóia, viagem aos abismos negros dos fantasmas interiores, claustrofobia psicológica, metáfora política em jeito de pesadelo kafkiano num filme portentoso capaz de colocar em causa toda a ideia de segurança humana, social e política contemporânea com múltiplas camadas de leitura.
"Bug" é, por isso, um filme cada vez mais actual para a sociedade em que vivemos.

Novo livro de Chomsky


terça-feira, 2 de abril de 2013

Espanha e os livros

Apesar de ser um país que também está a enfrentar gravemente a crise, Espanha é muito diferente de Portugal. Visitei há uma semana a cidade de Salamanca e, sempre que lá vou, fico deslumbrado. Com a arquitectura, com o dinamismo urbano, com o património, com o cosmopolitismo dos estudantes, com a magnífica Plaza Mayor, com a oferta comercial e cultural... Enfim, uma cidade bela e sempre atractiva em múltiplos aspectos e onde não se "sente" a crise.
Um dos sítios onde se qualquer leitor se pode perder durante horas é a livraria Cervantes, que é deveras irrepreensível e um exemplo a seguir pelas livrarias portuguesas. Para cada tema há uma diversidade incrível de títulos. E o sentido de oportunidade e de actualidade é surpreendente: para dar um simples exemplo, tinham passado apenas três semanas da eleição do novo Papa Francisco e a livraria já tinha disponível duas obras biográficas em castelhano! 
A secção onde fiquei mesmo maravilhado foi na secção de cinema: largas dezenas e dezenas de títulos, quase todos originalmente escritos por jornalistas e ensaístas espanhóis (poucas traduções, o que prova o dinamismo editorial espanhol), sobre os mais improváveis temas: o cinema e a época egípcia; o cinema e as drogas; o cinema e o papel das mães; o cinema como terapia; o cinema e a psiquiatria; o cinema e a guerra, o cinema e a arquitectura, etc, etc. Vi também a tradução das memórias da realizadora alemã Leni Riefenstahl, obra que tarda para o mercado português.
Ou seja, uma espantosa variedade de livros para quem se interessa pelo cinema e suas múltiplas áreas de intervenção social, estética, histórica ou cultural. Acabei por comprar este magnífico livro sobre a relação entre o cinema e a música.
PS - aqui tinha escrito sobre uma superlativa livraria só sobre cinema de Madrid (que eu visitei numas férias de Verão). 

É bem verdade

"Podes experimentar um download, mas não podes fazer o download de uma experiência"
Billy Bragg (músico, citado no jornal Expresso)

All work and no play makes Jack a dull boy #5


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Woody Allen surpreende!

A grande notícia de hoje tem a ver com o facto de Woody Allen ter anunciado que irá filmar o seu próximo filme em Portugal. Já se sabia que o presidente da Câmara de Lisboa tinha manifestado apreço e apoio por esta possibilidade, mas a surpresa reside em que o realizador norte-americano não escolheu Lisboa para filmar, mas sim... a Figueira da Foz! Isto porque, segundo declarações do próprio Allen à revista Entertainment Weekly, um colaborador seu conhece esta cidade (porque a visitou como turista) e lhe falou maravilhas. Mais: esta opção de escolher a Figueira da Foz em detrimento de Lisboa decorre do próprio argumento do próximo filme de Woody, cuja história de amor se desenrola numa cidade costeira com uma grande e extensa praia. 
Todos os pormenores desta notícia aqui.

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NOTA: Claro que se tratava de uma notícia falsa para assinalar o 1º de Abril (Dia das Mentiras) 

A estreia mais importante do cinema?

Dia 1 de Maio de 1941, Nova Iorque: estreia do filme que iria mudar para sempre o cinema: "Citizen Kane", de um jovem realizador com apenas 26 anos, Orson Welles, de seu nome. A primeira fotografia é extraordinária pelo feliz enquadramento do instante captado pela objectiva do fotógrafo: Welles sai do táxi, cigarrilha na boca, mesmo em frente ao cinema Palace que, em segundo plano, revela em néon brilhante o seu nome e o da sua primeira obra-prima.
Esta terá sido, certamente, uma das estreias mais importantes de toda a história da Sétima Arte.