sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Discos que mudam uma vida - 151


Leonard Cohen -"Songs of Leonard Cohen" (1968)

Cenário mais denso

Apesar de ter passado mais de um ano desde que publiquei esta espécie de mini-manifesto sobre determinadas manifestações de cultura que considero infelizes, creio que rigorosamente nada mudou neste período de tempo. Pelo contrário, à boleia da crise castradora, tudo ficou num cenário ainda mais negro, mais denso, mais deprimente.
Ou então o defeito é mesmo meu.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Anita nos seus 80 anos


Ainda há dias escrevi um post sobre a actriz Anita Ekberg e eis que o espanhol El País publica parte de uma entrevista para celebrar os 80 anos de vida da actriz celebrizada no filme "La Dolce Vita". Nesta entrevista, Anita refere que vive sozinha, sem marido ou filhos, mas que não tem ressentimentos nem culpas na sua vida. E, talvez um pouco de forma provocatória, defende que o filme de Fellini que fez com Mastroianni não é "grande filme".

Parte dos depoimentos da actriz podem ser lidos no site do jornal El País.

Música de insectos (e não só)



Nasceu na Nova Zelândia, formou-se em Ciência Política e Economia. No entanto, foi (é) na música que tem dado cartas. Formou em 1978 um dos grupos de rock industrial mais corrosivos de sempre, SPK (Surgical Penis Klinik), projecto no qual tocava teclados e percussão.

Graeme Revell enveredou depois por uma sólida e promissora carreira a solo. Pesquisador insaciável de nova fórmulas estéticas, Revell lançou um disco em 1986 que marcou a música daquela década - "The Insects Musicians". Um espantoso álbum no qual Graeme Revell gravou sons reais dos mais variados insectos para depois os manipular em estúdio. O resultado é um belo e único disco de exploração sonora, de beleza mágica, ritualístico, de contornos ambientais em que os cantos dos insectos (e por inerência, da natureza) deixam o ouvinte em estado quase hipnótico.

Três anos depois, o realizador australiano Philip Noyce convidou Revell para compor a banda sonora do notável thriller "Calma de Morte" (1989), que tinha como estreante uma actriz chamada Nicole Kidman. Esse filme constituiu um grande êxito de crítica e de público, sendo que a música sombria e tenebrosa de Graeme contribuiu claramente para o grande impacto psicológico do filme. A partir desta experiência, o ex-SPK construiu uma sólida carreira como compositor de música para filmes, desde grandes produções de Hollywood até pequenos filmes independentes. Tem já dezenas de bandas sonoras originais para filmes no currículo, mas em muitos deles cedeu à componente comercial das produções e o risco estético que sempre o caracterizou desapareceu.

domingo, 25 de setembro de 2011

Maurice Jarre e Bach

Maurice Jarre (1924 - 2009), eminente compositor de bandas sonoras para filmes clássicos de David Lean ("Doutor Jivago", "Lawrence da Arábia" e "Passagem para a Índia") é uma referência para várias gerações. Vencedor de três Óscares e quatro Globos de Ouro, a música de de Jarre era neo-clássica e épica, ideal para grandes filmes de aventuras. Foi também grande compositor para filmes mais intimistas, como foi a música que fez para o filme "Clube dos Poetas Mortos", entre muitos outros.
Desde 2001 que estava retirado de Hollywood, não só por razões de saúde, mas também porque estava muito desiludido com a indústria do cinema (e a ignorância que grassa na mesma): "Some months ago, while I was preparing a new work, I told a young cinema executive my intention of including in a soundtrack two themes from Bach. But when he asked me which has been the last hit from that Bach?, then I knew that I had no longer place in cinema."
Lapidar.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Nick Cave, 54 anos

Nick Cave comemora hoje 54 anos de vida. O ex-Birthday Party representa um nome referencial do rock alternativo dos últimos 30 anos. Um dos momentos mais marcantes da minha juventude foi quando descobri a banda a que Cave fazia parte, os abrasivos The Birthday Party, ainda com resquícios do punk. Depois formou a sua banda de excelentes músicos, os Bad Seeds, que editaram discos brilhantes.
Na minha memoria perdura para sempre o filme "As Asas do Desejo" (1987) de Wim Wenders, quando vi, electrizado, esta sequência de 5 minutos tao bem filmados: o anjo que observa um concerto de Nick Cave em Berlim. E logo com uma das mais enérgicas canções de Cave: "From Her to Eternity".

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"The Shining" - Novo final?


Eis uma notícia surpreendente que o diário espanhol El País avança: no próximo dia 22 de Outubro a sala de cinema Dryden Theatre de Nova Iorque vai exibir uma nova versão do filme "The Shining" (1980) de Stanley Kubrick.

Esta nova versão conta com mais 4 minutos de metragem e, mais importante ainda, com um novo final. Ao que parece, Kubrick terá concebido um final diferente da versão conhecida mas acabou por remontar esse mesmo final à última da hora. Esse final de filme imaginado inicialmente por Kubrick revela dois polícias que procuram Jack Torrance (na imagem) e Wendy (Shelley Duvall) que conversa com o gerente do Overlook Hotel sobre o estranho desaparecimento do marido.

A notícia não esclarece porque é que só agora o mundo pode ver esta nova versão da obra-prima de Kubrick, nem porque razão só vai ser exibida numa única sala em Nova Iorque. Seja como for, mais cedo ou mais tarde, a versão remontada será conhecida de todos os cinéfilos e, da parte que me toca, espero não me desiludir com ela quando a visionar.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cultura iPod


Há uns dias entrei num elevador com um jovem que ouvia música com auscultadores (leitor de mp3, iPod ou equivalente). Pelo silêncio proporcionado pelo hermetismo acústico do elevador, conseguia perceber o que o jovem ouvia. Qualquer coisa de música rock. Na mesma semana, cruzei-me na rua com um jovem que ia a ouvir música tão alta que cantava, também ele (e sem se aperceber) muito alto. Dois casos de decibéis a mais, portanto. Os dois jovens não conseguiriam ouvir um trovão a dois metros, dado o volume exagerado do que estavam ambos a ouvir.

Este episódio empírico levou-me a uma exploração bastante mais séria do assunto: estudos científicos recentes comprovam a relação entre a perda de audição progressiva (até 70%) com a utilização desproporcionada de volumes de som nos auscultadores. Os jovens (e menos jovens) só se apercebem desta perda de audição tarde demais. Cada vez mais os jovens ouvem música em todas as circunstâncias e mais alguma: na rua, a andar de bicicleta, nos consultórios médicos, nas salas de aula, na igreja, em espectáculos de música, em qualquer lugar e em qualquer momento.

Já acontecia nos tempos do "Walkman"? Talvez, mas nunca nesta dimensão massiva e com este carácter generalista. A portabilidade dos equipamentos de som (leitores cada vez mais pequenos e potentes), aliado ao inerente fenómeno de moda representado pela cultura iPod, são factores que ajudam à massificação dos leitores de mp3. Os tempos mudaram drasticamente. Já não existem grupos de jovens que se juntam no isolamento de um quarto para, em conjunto, ouvirem um disco, desfrutando do momento colectivo da descoberta musical. Muito menos existe o culto da iconografia relacionada com os suportes dos CD (capas, contracapas, conteúdo informativo...).

O que existe agora é o consumo musical cada vez mais individualista e solipsista, ao ponto de vários jovens poderem estar na mesma sala ou no mesmo café a ouvir músicas diferentes, sem comunicação ou interacção. É mais democrático e acessível, é mais fashion e mais de acordo com as regras da cultura pop, mas neste fenómeno de fruição perdem-se vivências e perde-se o prazer da partilha em comum. É certo que para cada nova geração, surgem novas fórmulas de fruição musical. Até ao dia em que essas gerações só conheçam o mundo virtual onde a desmaterialização da música impera. Para o bem e para o mal.

Playtime #61


A solução: "O Anjo Exterminador" (1962) - Luis Buñuel
Quem descobriu: João Palhares

Notas de Bresson #7

"Um mesmo assunto muda de acordo com as imagens e os sons. Os temas religiosos recebem das imagens e dos sons a sua dignidade e elevação. E não (como se julga) o inverso: as imagens e os sons recebem dos temas religiosos".

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Quando estreou Kane

Dia 1 de Maio de 1941, Nova Iorque. Estreia do filme que iria mudar para sempre o cinema: "Citizen Kane", de um jovem realizador com apenas 26 anos, Orson Welles, de seu nome. A primeira fotografia é extraordinária pelo feliz enquadramento do instante captado pela objectiva do fotógrafo: Welles sai do táxi, cigarrilha na boca, mesmo em frente ao cinema Palace que, em segundo plano, revela em néon brilhante o seu nome e o da sua primeira obra-prima. Esta terá sido, certamente, uma das estreias mais importantes de toda a história da Sétima Arte.

domingo, 18 de setembro de 2011

A rapariga que sabia demasiado


Para quem não sabe, no universo cinematográfico existe a variante feminina do clássico de Alfred Hitchcock "O Homem Que Sabia Demasiado" (que dá nome a este blogue): "A Rapariga Que Sabia Demasiado" (1963) do realizador italiano Mario Bava.

Trata-se de um thriller policial relativamente bem cotado no círculos cineclubistas. Infelizmente, nunca tive oportunidade de o ver...

Clássicos do Cinema em BD para Pessoas com Pressa #30

Clicar para aumentar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"iPhado": Fado e electrónica


“Phado” (Thisco, 2007) foi um disco editado pelo músico Marco Miranda sob a designação artística M-Pex. Agora volta com “iPhado”, um EP de cinco temas inéditos, onde a guitarra portuguesa se mistura com a electrónica através de um conjunto de samples criados num iPod e utilizando apenas aplicações gratuitas da App Store, a loja online da Apple.

Fado e electrónica.
Na verdade, a fusão que faltava explorar na música portuguesa. O Expresso revelava há três anos um jovem guitarrista, Marco Miranda (31 anos), que toca guitarra portuguesa por influência do avô. A música electrónica, de facção mais arty e conceptual (as referências são os imprescindíveis Amon Tobin, Squarepusher, Sofa Surfers e Aphex Twin), é outra área de interesse de Marco. "Phado" foi o seu primeiro trabalho, no qual explorava os beats e os ambientes electrónicos misturados com a sonoridades características da guitarra portuguesa, gerando uma refrescante sonoridade. A uma certa distância, este projecto lembra o do malogrado João Aguardela (Sitiados e A Naifa), Megafone, que fazia o cruzamento entre a herança musical tradicional com a linguagem electrónica do drum'n'bass.

Marco tem como inevitável referência da guitarra portuguesa Carlos Paredes e é com indisfarçável ousadia que diz que o objectivo da sua música é "reposicionar a guitarra portuguesa no panorama musical, mostrar que não tem de estar só agarrada ao fado, criar uma ponte entre ontem e hoje, quebrar barreiras e clichés". A sua música é puramente instrumental, não estabelecendo relações estéticas com a linguagem do fado cantado. É a guitarra que centraliza o trabalho de abordagem criativa de Marco Miranda. A electrónica circula à volta, molda a matéria tímbrica das cordas e estabelece novas dinâmicas e sensibilidades. É como se a guitarra portuguesa fosse sujeita a experiências científico-sonoras de laboratório. E de forma muito criativa e original.

Quem quiser aventurar-se e conhecer este interessante projecto e o recente registo "iPhado" (download gratuito), é favor entrar aqui.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Hitch gostava de Lang e Buñuel

Li na biografia de Alfred Hitchcock que o seu filme preferido era o expressionista "A Morte Cansada" (1921) de Fritz Lang e que considerava o espanhol Luís Buñuel como o melhor realizador... de sempre!
Confesso que estas preferências são, para mim, surpreendentes, sobretudo vindas de um cineasta como Hitchcock. Por conseguinte, não posso deixar de manifestar o meu regozijo perante tais preferências (facto que aumenta a minha estima por Hitchcock).

Ainda divas...

Na sequência do post anterior, eis três belas (e talentosas) actrizes que envelheceram... bem:

Jane Fonda, 73 anos.

Gina Lollobrigida, 79 anos.
Sofia Loren, 74 anos.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Outrora diva...





Há dias li numa revista que há estrelas de cinema que envelhecem muito bem. Casos de actores e actrizes que são mais atraentes e "glamorosos" agora do que há 20 ou 30 anos. Não será por certo o caso da mítica actriz de Anita Ekberg, a voluptuosa mulher que contracenou com Marcello Mastroiani no filme "La Dolce Vita" de Fellini (de forma tão carismática que chegou a dizer: "Fui eu que fiz Fellini e não o contrário"). Enquanto que actrizes como Gina Lollobrigida ou Sofia Loren souberam manter a frescura e a beleza até aos 70 anos, Anita Ekberg desmazelou-se por completo.

Para sempre ficará na história a sequência em que Anita Ekberg entra na Fontana di Trevi ("Fonte dos Trevos, Roma) em "La Dolce Vita", arranstando Marcello Mastroiani para uma bela cena romântica.

Sinceramente, pensei que Anita Ekberg já tivesse morrido. Mas não. A ex-Miss Suécia 1950, que nas décadas de 50 e 60 foi uma sex-symbol a nível mundial (rivalizando com Brigitte Bardot), tem actualmente 79 anos e vive isolada em Itália. Não dá entrevistas e recusa-se a escrever as memórias. A sua carreira no cinema não foi tão auspiciosa como se poderia pensar. Para além de uma breve passagem por Hollywood (onde teve casos amorosos com os actores Errol Flynn, Yul Brynner, Frank Sinatra e Gary Cooper), o seu estrelato e glamour desvanceu-se a partir dos anos 70.

A sua última aparição no cinema foi, talvez de forma simbólica, num belo filme do mestre Federico Fellini, "Entrevista" (1984).

domingo, 11 de setembro de 2011

"The Falling Man"


Das milhares de imagens que o ataque ao WTC revelou ao mundo, há uma que nunca esquecerei e que se tornou uma espécie de símbolo desse dia - fez manchete em muitos jornais nos dias seguintes aos atentados (não sem polémica à mistura): a fotografia, tirada pelo fotojornalista Tom Junod, de um homem em queda livre da Torre Norte do World Trade Center.
Naquele fatídico dia 11/9, cerca de 200 pessoas lançaram-se (ou caíram) para o vazio da morte, desesperadas perante o terrível sufoco do fumo e do fogo. As autoridades que prestavam auxílio (antes do desabamento das torres), disseram mais tarde que o som dos corpos a cair nos passeios era aterrador. Nada nem ninguém podia ajudar a avalanche de corpos em queda livre.

O fotógrafo captou estas imagens de um corpo que aparenta serenidade e determinação, em perfeita simetria com as linhas do edifício. Parece um corpo decidido a projectar-se para o vazio, controlando a sua trajectória no ar, quase como um falcão a atacar uma presa em terra. Mas não. O homem caía totalmente fora de controlo, desamparado, a uma velocidade estonteante. No segundo a seguir, o seu corpo rodopiou, o vento arrancou-lhe a camisa e, provavelmente, terá morrido de choque ainda antes de chegar ao solo.

Com o objectivo de identificar o homem desta fotografia icónica, para atribuir alguma heroicidade ao seu acto desesperado, para descobrir porque é que a imagem foi banida nalguns jornais e revistas de todo o mundo, o realizador Henry Singer investigou e fez um documentário intitulado "9/11 - The Falling Man" (2006). O documentário nunca envereda por um sensacionalismo fácil, é sereno, respeituoso e objectivo na sua pesquisa. "The Falling Man" é um homem, um corpo, mas é também o símbolo de toda uma nação alvejada por uma torrente de violência que mudaria o mundo.

O documentário está disponível para visualização aqui.


Nota: "O Homem em Queda" é também o título de um livro do escritor norte-americano Don DeLillo, mas que, segundo o próprio, nada tem a ver com este homem que caiu da torre.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tarkovsky no CCB


É uma excelente notícia para os cinéfilos em geral e os amantes de Tarkovsky em particular: o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, vai dedicar um ciclo integral à obra cinematográfica do realizador russo Andrei Tarkovsky. Intitula-se "Andrei Tarkovsky - Esculpir o Tempo" e vai decorrer entre Novembro e Dezembro. O programa é ambicioso e irá abranger as sete longas-metragens do cineasta (faltará apenas a curta "O Rolo Compressor e o Violinista"), várias conferências (com o próprio filho do realizador!), uma exposição com fotografias (polaroids) de Tarkovsky e a exibição do documentário que Chris Marker fez sobre a obra do realizador russo.
Este ciclo só ficaria completo se integrasse no seu programa o mais recente documentário sobre Tarkovsky, "Meeting Andrei Tarkovsky", do jovem realizador russo de nome Andrei... Trakovsky.
Mais informação sobre este ciclo aqui.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Notas de Bresson #6

"Óscares aos actores cujo corpo, figura e voz, não pareçam ser deles, não dêem a certeza de lhes pertencer"

Discos que mudam uma vida - 149


Jane's Addiciton - "Ritual de Lo Habitual" (1990)

Para conhecer a fundo Woody Allen

Comprei há dias na Fnac e já comecei a ler. As entrevistas feitas por Eric Lax permitem ficar a conhecer melhor a essência do cinema de Woody Allen, a sua metodologia de trabalho, as suas opções artísticas, as suas preferências, a relação com os actores, a sua própria evolução ao longo dos anos como cineasta.

Eis a sinopse do livro:

"Eric Lax é o autor da mais conhecida biografia de Woody Allen. Neste livro divulga as mais reveladoras e divertidas entrevistas feitas ao realizador de Manhattan e Annie Hall. Ao longo de mais de três décadas, Woody Allen conversou regularmente com Eric Lax, permitindo-lhe um acesso sem precedentes aos seus locais de filmagens, pensamentos e observações. Em conversas entre 1971 e 2007, Allen discutiu sobre produção cinematográfica - os seus próprios filmes e o trabalho de realizadores que admira. Assim, este livro mostra a evolução de Woody Allen até aos dias de hoje (de escritor de comédia e comediante de stand-up a realizador famoso). Conversas com Woody Allen é, por isso, uma leitura essencial para quem se interessa por realização cinematográfica e para todos os que apreciam os seus filmes."

domingo, 4 de setembro de 2011

Woody e os seus filmes

Jornalista - Como olha para os seus filmes antigos? Há algum de que goste particularmente?

Woody Allen - Sim, tenho alguns filmes de que me orgulho. Sempre gostei de "A Rosa Púrpura do Cairo", "Maridos e Mulheres", "Balas Sobre a Broadway". Recentemente tenho gostado de "Match Point" e "O Sonho de Cassandra", talvez por serem temas mais negros.

Jornalista - E de quais gostou menos?

Woody Allen - O filme que gostei menos de fazer foi "A Maldição do Escorpião de Jade". Não deveria ter-me contratado a mim próprio para o papel principal. Tinha óptimos actores e acabei por desiludir.

Jornalista - "Annie Hall"?

Woody Allen - Foi um grande sucesso comercial, mas essa é já uma boa razão para não gostar dele (risos). Mas não desgosto. Diverti-me imenso a fazê-lo. Mas a maior parte dos filmes que fiz nunca mais os vi.

Jornalista - Não me diga que não gosta de "Manhattan"...

Woody Allen - Não lhe posso dizer porque nunca o vi... Não quero voltar a ele porque arrisco-me a ficar destroçado.
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Excertos da entrevista conduzida por Paulo Portugal, in SOL.

sábado, 3 de setembro de 2011

As Twins Towers no cinema

Os atentados do 11 de Setembro mudaram o mundo e a política internacional, mas não mudaram propriamente o cinema. Houve alguns filmes (mais ou menos interessantes mas nenhum imprescindível) sobre as consequências dos traumas deste dia no orgulho da sociedade americana e da vida dos nova-iorquinos.
Mas a verdade é que as torres gémeas foram, durante três décadas, por si mesmas, cenários de muitos filmes. Não haverá cinéfilo que possa afirmar que nunca viu um filme em que não tenham aparecido, nem que fosse como cenário de fundo paisagístico, as célebres e icónicas torres gémeas do World Trade Center.
Filmes de acção, aventuras, comédias românticas, thrillers, policiais, ficção científica... Quase todos os géneros cinematográficos utilizaram as Twin Towers como cenários mais ou menos importantes no desenrolar da história de cada filme.
Este vídeo compila as dezenas de filmes realizados entre 1969 e 2001 nos quais surgem imagens das duas torres, numa espécie de "cameos" arquitectónicos únicos na história do cinema.
E não esqueçamos: já passaram dez anos dos brutais acontecimentos do 11 de Setembro.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Woody no Sol


Woody Allen em entrevista a ser publicada, esta sexta-feira, na revista Tabu do semanário "Sol".

Playtime #61


A solução: "Hollywood Ending" (2002) - Woody Allen
Quem descobriu: Álvaro Martins

A mina dos filmes de Série B


O mundo dos filmes de Série B é quase inesgotável. Há vários sítios na internet onde se pode encontrar informação sobre esta tipologia cinematográfica tão especial, mas nem todos são como o site bmovies.com.
Um site que disponibiliza ao visitante a possibilidade de ver filmes em "streaming" (não se pode fazer download) de vários géneros distintos: Terror, Ficção Científica, Kung Fu e Westerns.
B Movies está recheado de filmes esquecidos no tempo (outros nem tanto, como os do Bruce Lee), realizados maioritariamente nas décadas de 50, 60 e 70, com escassos meios de produção e talento, ostentando títulos bizarros, histórias inprováveis, mas que nem por isso deixaram de se transformar, com o tempo, em filmes de culto (Ed Wood ganhou fama assim) junto de várias gerações de cinéfilos.
Por isso vale a pena descobrir estes verdadeiros tesouros de série B.