quinta-feira, 16 de julho de 2009

Para uma definição do conceito de "World Music"


"Não digam que faço 'World Music'! Essa é uma nova etiqueta colonial que vocês, britânicos e americanos, aplicam a toda a música não cantada em inglês." Quem proferiu estas palavras foi Manu Chao, em 2007.
Na verdade, o músico ex-Mano Negra tem plena razão na sua contestação. O conceito de "world music" foi inventado em 1987 e tem sido aplicado, com muito pouco critério, a qualquer música étnica, venha ela da Nigéria, do Paquistão, da Tailândia, dos Balcãs ou da Argentina. Até o nosso fado é, aos olhos (e ouvidos) anglo-saxónicos, world music. No sentido lato, é evidente que se enquadra na world music. Dito de outra forma: o fado e o flamenco, por exemplo, são músicas que representam a identidade cultural de dois países específicos. Porque deverão logo ser apelidadas de "músicas do mundo"? Daí que se imponha a dúvida: porque não conotamos, de igual modo, world music com o jazz, o rock ou o country? E as inúmeras fusões que as músicas do mundo já tiveram com o jazz, o rock, o hip-hop, a electrónica e a pop, são o quê exactamente?
Para desmistificar este conceito dúbio de world music, utilizado para classificar toda a música que cheire a exotismo, e para perceber o fenómeno de popularidade que as músicas do mundo têm por todo o lado (veja-se a popularidade do festival de Sines), acaba de ser editado um livro sobre o assunto: "The No-Nonsense Guide To World Music", da jornalista Lousie Gray. Livro muito elogiado pela crítica especializada, incluindo o músico e escritor David Toop.
Pode-se consultar o índice e ler algumas páginas aqui.
Este livro integra a interessante coleccção "No-Nonsenses Guide".

5 comentários:

Beep Beep disse...

Aí está um termo que me recuso a usar.

F disse...

Víctor, a palavra escreve-se nOnsense, com "o"

F disse...

... e não tem "s" no fim!

Unknown disse...

Obrigado F. - rectificado.

Ivo disse...

Deve ser uma leitura interessante.
O problema é que se abusa do termo e quase tudo o que não é cantado em ingês apetece dar o rótulo de world music. Dá jeito para separar as coisas mas é muito abrangente.