domingo, 8 de fevereiro de 2009

Stauffenberg e a conspiração falhada


Já há muito tempo (anos) que não assistia a uma sessão de cinema à meia-noite. Foi o que fiz para ver o filme "Valquíria" de Bryan Singer. É sempre uma sensação refrescante assistir, na sala escura, no início da madrugada, a um filme com menos de 10 espectadores presentes - ainda que com um grupo ruidoso de adolescentes munido com monstruosos pacotes de pipocas e baldes de coca-cola. 
"Valquíria" não desiludiu, mas também não entusiasmou como julgava ser possível, dado o extraordinário potencial dramático que a história continha. Singer filma as peripécias da planificação do atentado a Hilter com fluidez narrativa e boa gestão do suspense. A realização é sóbria e eficaz, e a câmara filma com segurança o decorrer da história. Há uma grande secura na forma como é filmada esta complexa e incrível conspiração de um grupo de oficiais nazis de alta patente, não enveredando por abordagens excessivamente espectaculares muito ao gosto de Hollywood. A memória histórica de um momento importante da 2ª Guerra Mundial foi preservada e nunca escamoteada. Só por isso o filme já valeria a pena.
Polémicas à parte em relação à escolha de Tom Cruise para interpretar o carismático Coronel Claus von Stauffenberg (por causa do actor pertencer à Cientologia), julgo que se deve realçar o facto de Cruise encarnar com muita convicção o oficial nazi que, contra o seu juramento de devoção à pátria alemã mas em defesa dos seus princípios morais, desencadeia um meticuloso plano para derrubar o regime nacional-socialista e assim colocar um ponto final na guerra que dizimava a Europa. Particularmente sublime é a sequência (talvez a mais tensa de todo o filme) na qual Stauffenberg entrega o documento da "Operação Valquíria" a Hitler, esperando que o ditador nazi assine a nova versão, para dessa forma ser possível dar o primeiro passo para o início da conspiração. 
"Valquíria" revela-se um objecto de cinema construído eficazmente e com total rigor e respeito pelos factos históricos. O elenco é fabuloso (maioritariamente, com actores ingleses) e o crescendo de intensidade narrativa bem orquestrado. Menos convincente foi a interpretação de Adolf Hitler (David Bamber) que, nas suas curtas intervenções no filme, não conseguiu, nem de perto nem de longe, igualar a magnífica criação de Hilter levado a cabo por Bruno Ganz no filme "A Queda" (2004). No entanto, é dele (Hitler), uma das frases que definem a essência do hediondo regime nazi: "Para perceber o Nacional Socialismo é preciso perceber Wagner".

1 comentário:

Pedrita disse...

o tom cruise está pelo brasil para promover o filme. bejios, pedrita