sábado, 19 de julho de 2008

O dia difícil do jornalista


Alguém leu a entrevista que Lou Reed deu à revista Visão esta semana, a propósito do seu concerto em Portugal? É de antologia. Um primor. E um verdadeiro tratado jornalístico sobre como lidar com um interlocutor que não coopera, em nada, com o entrevistador. Lou Reed sempre foi conhecido como possuidor de mau génio no contacto com jornalistas. E a entrevista que o ex-Velvet Underground deu ao jornalista Pedro Dias de Almeida (editor de cultura da Visão) é apenas mais uma prova disso mesmo. Perguntas que poderiam ter resposta fácil (aos 66 anos, como é para si um "dia perfeito") transformam-se, com Lou Reed, em fagulhas que incendeiam a conversa (já agora, a resposta à pergunta foi: Ohhh, por favor, não me faça perguntas maçadoras!). Pior foi quando o jornalista perguntou a Lou Reed o que achava de tocar na mesma noite e à mesma hora do concerto de Leonard Cohen. Reed achou que, para tal acontecer, é porque está tudo maluco (e se calhar está) e que é impensável uma coisa destas acontecer. Entre outros desabafos menos próprios.
Seja como for, a entrevista não é só interessante do ponto de vista da informação (pouca, é certo) que o jornalista conseguiu retirar em 15 parcos minutos de entrevista com o músico. É também interessante pela forma como Pedro Dias de Almeida supera as dificuldades evidentes com o modo como trabalha, jornalisticamente falando, a entrevista: com apontamentos das diversas peripécias (como se fossem em registo off the record) e assumindo - não sem ironia e algum humor - os percalços com esse contacto directo com o músico de "Walk on the Wild Side".

2 comentários:

Anónimo disse...

Oh, por favor! O jornalista portou-se como um imbecil. Mas quem é que faz uma pergunta ao Lou Reed como "aos 66 anos, como é para si um dia perfeito?" Que anedota! A entrevista começou logo da pior maneira, quando o jornalista insiste 3 vezes com a mesma pergunta (como pequenas variações). Logo ali ficou arrumado. É verdade que o Lou Reed tem mau feitio, mas aqui está cheio de razão. O entrevistador (?!) foi humilhado, espezinhado e apenas por culpa própria. P.S. Por aquilo que, ocasionalmente, vou lendo na revista, ser editor de cultura da Visão tb não exige grande currículo. Francamente. O Vítor já imaginou, por exemplo, o João Lisboa a fazer aquelas perguntas? Meu Deus!

Anónimo disse...

"aos 66 anos, como é para si um "dia perfeito?"

Não li a entrevista, foi na visão ou na caras?