terça-feira, 15 de julho de 2008

Michel Chion - cinéfilo musical


Edição de Agosto da revista Wire, fundamental para acompanhar as novas tendências musicais e artísticas. Na capa, o regresso (em grande, quanto a mim) de Tricky com uma reportagem cujo título (apropriado, refira-se) é uma canção dos Smiths: "The Boy With The Thorn on His Side". Para além da sempre interessante secção de crítica a discos e a concertos - onde a cada edição se fazem novas descobertas musicais - destacaria a reportagem de três páginas a Michel Chion. Chion é escritor, argumentista, ensaísta, jornalista (colaborador de muitos anos da "Cahiers du Cinéma", compositor de música experimental e concreta (tem vários livros sobre música electrónica e concreta) e um especialista no cinema russo. Michel Chion é, igualmente, uma autoridade mundial na investigação da relação entre a música, o som e o cinema, com vários estudos publicados. Tem livros sobre David Lynch, Pierre Henry, Pierre Schaeffer, Jacques Tati, Andrei Tarkovksi, Stanley Kubrick e Terence Malick. Um dos seus textos mais citados é sobre a voz no cinema e suas múltiplas formas de expressão.
Na entrevista à Wire, Michel Chion explica todo o seu rico percurso profissional, as ligações aos músicos que fizeram história, as relações com a tecnologia musical, as metodologias de trabalho e de investigação nas mais diversas áreas, entre outros assuntos interessantes. A propósito da sua forte relação com o cinema, refere que os seus cineastas de eleição são Tati, Tarkovski, Fellini, Malick e Kubrick. Não aprecia particularmente realizadores do "paradoxo audiovisual snobista e da retórica", como Godard. Chion contrapõe dizendo que prefere o cinema puro e realista de Tarkovski, com um sentimento infantil muito mais forte e poético. É a primeira vez que leio uma opinião tão negativa referente a Godard vindo de alguém tão especializado em cinema. E não deixa de ser curioso o facto do escritor e ensaísta francês coincicidr com os meus três cineastas preferidos de sempre: Tati, Kubrick e Tarkovski. Se um dia conhecer Michel Chion, teremos muito para conversar.

5 comentários:

João Lisboa disse...

Vou já a correr comprar esse número da "Wire", especialmente por causa do Chion. Faz parte das "leituras recomendadas" obrigatórias. Só ainda não tinha reparado nos livros dele sobre o Lynch, Kubrick e Tarkoovsky... tenho de ver isso.

Unknown disse...

Como referi no post, um dos últimos textos de Chion é sobre Tarkovski - cuja edição nacional foi feita através da recente colecção "Cahiers du Cinéma" do Público e que eu já tinha comentado aqui - http://ohomemquesabiademasiado.blogspot.com/2008/06/tarkovski-no-pblico.html

Unknown disse...

O foda é que a maioria dos livros do Chion não foram traduzidos para o Portugues e alguns poucos para o Inglês e Espanhol. E também por isso acabam sendo caros, mas valem a pena.

mhcharro@gmail.com disse...

Pena! Aqui no Brasil há nenhum livro do Chion traduzido.
Vocês tem algum livro dele traduzido para o português?

helena charro

Unknown disse...

Sim, há pelo menos dois livros traduzidos em português. Veja aqui - http://www.wook.pt/product/facets?palavras=michel+chion