sábado, 17 de maio de 2008

"Cahiers du Cinéma": O canto do cisne?


O Público noticia que a mais influente revista de cinema da Europa, a francesa Cahiers du Cinéma está em vias de fechar portas. A revista foi a bandeira da "Nouvelle Vague" francesa nos anos 60 e implementou a famosa "política de autores", defendendo um cinema independente e ousado, alternativo ao sistema de produção comercial. Nas suas páginas escreveram nomes cimeiros do cinema, como Truffaut, Godard, Malle, Rivette, entre outros. Agora, os "Cahiers" estão à venda. E o perigo tem a ver com o facto de poder ser comprada por um grupo económico que despreze os princípios editoriais da revista em favor da rentabilização económica (o que significaria uma viragem radical da sua linha editorial e uma ruptura com a identidade da revista). A revista tem actualmente 20 mil leitores mensais, 10 por cento dos quais no estrangeiro. O espírito dos "Cahiers du Cinéma" está a extinguir-se e vozes do cinema mundial já se manifestaram em favor da preservação da identidade da revista. A ser verdade que estejamos a assistir ao canto do cisne da revista que ajudou a fundar e a desenvolver um tipo de cinema experimental, significa que termina também uma era em que o espaço público para a cultura alternativa se vai afunilando cada vez mais. E esse espaço para pensar o cinema, discuti-lo livremente e reformulá-lo chamava-se "Cahiers du Cinéma".

1 comentário:

Unknown disse...

Só uma notícia como esta, embora não confirmada, podia estragar o fim-de-semana a um modesto cinéfilo. Ontem fui levantar a do mês de Maio na papelaria que há muitos anos me guarda a assinatura, mas ainda não tive tempo para a folhear.
Estes tempos em que se pretende ganhar dinheiro de qualquer maneira, mesmo à custa da subversão dos princípios vão alargando o buraco da ignorância e, sobretudo, da ignorância-espectáculo que é ainda mais lamentável. Aliás, está a acontecer em Portugal um caso semelhante: 2 Editoras de referência compradas por um grupo editorial, constituído para o efeito, cujo nome tem um ípsilon e é propriedade de alguém que há cerca de 1 ano deu uma entrevista ao Público, confessando nunca ter lido um livro e que a grande paixão da sua vida é a Fórmula 1.
Fiquei esclarecido!!
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