quarta-feira, 16 de abril de 2008

A diferença de morrer na Índia

É o sintoma doentio da parcialidade da informação televisiva: o noticiário da SIC, naquele momento de flash noticioso com música de fundo e tudo, passam a correr uma série de notícias que são mais fait-divers do que outra coisa. Às tantas, o espectador é confrontado com a notícia: "40 crianças morreram na Índia na sequência da queda de um autocarro". A notícia não durou mais de 15 segundos. Repare-se: 40 crianças morreram de uma só vez num acidente horrível e tem direito a 15 segundos de notícia.
Em contrapartida, os telejornais passam reportagens de 5 minutos sobre o telhado que caiu na freguesia de Nossa Senhora das Neves ou sobre os idosos que não são bem atendidos no Centro de Saúde da Póvoa de Santo Adrião. A morte de 40 crianças foi na Índia, logo, não tem o mesmo impacto informativo e merece 15 míseros segundos de notícia a correr porque tem de se passar para as notícias da bola. Tivesse este acontecimento sido num país ocidental desenvolvido e era notícia de abertura de telejornais, havendo já jornalistas portugueses no local em trabalho de reportagem de uma semana. É a isto que se chama efeitos da globalização informativa, mas o tratamento jornalístico dado a certa informação é mais global nuns casos do que noutros.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tudo (in)justificado ainda por aquela mentalidade mesquinha, bem interiorizada na nossa sociedade, de que as notícias sobre acidentes graves acontecidos noutro ponto do planeta, só interessa divulgar se tiver acontecido alguma coisa a um português (nem que seja ter partido um dedo), porque só nós somos importantes, a restante população não interessa. Infelizmente (com raras e bem-vindas excepções, claro), o nosso jornalismo é mesmo miserável.

Anónimo disse...

Infelizmente nem o motivo do acidente ficámos a conhecer. É realmente arrepiante esta realidade mesquinha e oportunista dos media sensacionalistas deste país.