quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Livros e cinema - afinidades selectivas


A relação entre o cinema e a literatura remonta, praticamente, aos primórdios da história do cinema. Ainda no período do cinema mudo, foram muitas as obras literárias, dos mais variados géneros, a serem adaptadas ao cinema. Todavia, nem sempre grandes livros originaram grandes filmes. O inverso também é verdade: muitos livros desinteressantes resultaram em magníficas obras cinematográficas. Ao longo de mais de cem anos de história do cinema, realizadores consagrados e menos consagrados basearam os seus filmes em obras literárias: John Huston, Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick, Murnau, Francis Coppola, François Truffaut, Rainer Fassbinder, John Ford, entre muitos outros. De igual modo, inúmeras obras de escritores, dos clássicos aos contemporâneos, foram objecto de adaptações ao cinema: Philip K. Dick, Alexandre Dumas, Julio Verne, Stephen King, Ernest Hemingway, Virginia Wolf, Michael Crichton, Marguerite Duras, Isabel Allende, John Steinbeck, George Orwell, Graham Greene, Tolkien, Ray Bradbury, William S. Burroughs, Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires, Manuel Tiago, entre muitos outros exemplos.À volta deste assunto, geram-se debates acalorados no que concerne às eventuais diferenças de qualidade do objecto “livro” e do objecto “filme”: qual o verdadeiro conceito de adaptação literária ao cinema? O realizador deve basear-se literalmente no livro ou tem o direito de recriar o conteúdo do mesmo? Até que ponto o cinema, como expressão artística autónoma, necessita da literatura para se exprimir? É melhor o filme ou livro? Quais as fronteiras estéticas entre a linguagem da literatura e do cinema?

Sem querer assumir o risco das respostas, deixo aqui apenas uma pequeníssima lista de grandes obras literárias que originaram grandes filmes:

Livro: “FARENHEIT 451” de Ray Bradbury
Filme: “FARENHEIT 451” de François Truffaut

Livro: "SOLARIS" de Stanislav Lem
Filme: "SOLARIS" de Andrei Tarkovski

Livro: “THE PROCESS” de Franz Kafka
Filme: “O PROCESSO” de Orson Welles

Livro: “BRAM STOKER’S DRACULA” de Bram Stoker
Filme: “DRACULA” de Todd Browning (e a versão de Coppola)

Livro: “MACBETH” de William Shakespeare
Filme: “MACBETH” de Orson Welles

Livro: “THE THIRD MAN” de Graham Greene
Filme: “O TERCEIRO HOMEM” de Carol Ree

Livro: “UMA ABELHA NA CHUVA” de Carlos de Oliveira
Filme: “UMA ABELHA NA CHUVA” de Fernando Lopes

Livro: “THE NAKED LUNCH” de William S. Burroughs
Filme: “O FESTIM NU” de David Cronenberg

Livro: “QUERELLE” de Jean Genet
Filme: “QUERELLE” de Rainer Fassbinder

Livro: “MANHÃ SUBMERSA” de Vergílio Ferreira
Filme: “MANHÃ SUBMERSA” de Lauro António

Livro: “AMERICAN PSYCHO” de Bret Easton Ellis
Filme: “AMERICAN PSYCHO” de Marry Harron


5 comentários:

Rui Carvalho disse...

gosto muito do FETIM NÚ e do QUERELE.

Anónimo disse...

Também podiam estar aí "Francisca" de Manoel de Oliveira (adaptação de "Fanny Owen" de Agustina Bessa-Luís), "The dead" de John Huston (adaptação do conto homónimo de James Joyce), "La bête humaine" do Jean Renoir (adaptação do romance homónimo do Émile Zola), "The innocents" do Jack Clayton (adaptação de "The Turn of the screw" do Henry James), "The end of affair" do Neil Jordan (adaptação do romance homónimo do Graham Greene), "Hamlet" do Laurence Olivier (adaptação da peça homónima do Shakespeare), "Lolita" do Kubrick (adaptação do romance homónimo do Nabokov) e, porque não, a série televisiva "Brideshead revisited" (adaptação do romance homónimo de Evelyn Waugh). Parabéns pelo blog.

Anónimo disse...

Também podiam estar aí "Francisca" de Manoel de Oliveira (adaptação de "Fanny Owen" de Agustina Bessa-Luís), "The dead" de John Huston (adaptação do conto homónimo de James Joyce), "La bête humaine" do Jean Renoir (adaptação do romance homónimo do Émile Zola), "The innocents" do Jack Clayton (adaptação de "The Turn of the screw" do Henry James), "The end of affair" do Neil Jordan (adaptação do romance homónimo do Graham Greene), "Hamlet" do Laurence Olivier (adaptação da peça homónima do Shakespeare), "Lolita" do Kubrick (adaptação do romance homónimo do Nabokov) e, porque não, a série televisiva "Brideshead revisited" (adaptação do romance homónimo de Evelyn Waugh). Parabéns pelo blog.

Enolough disse...

Solaris também foi adaptado por Steven Soderbergh. E há o maravilhoso livro "Roadside picnic" que passou a filme com o nome de "Stalker", de Tarkovsky. O filme por sua vez foi adaptado (o filme, não o livro) a jogo de computador com o nome do filme.

Unknown disse...

Sim, mas o Solaris do Soderbergh é muito inferior à adaptação de Tarkovski.
E sim, conheço o jogo "Stalker" ;)