segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Hal 9000 - o vilão cibernético


Arthur C. Clarke sabia o o que estava a escrever quando escreveu "2001 - Odisseia no Espaço". Por seu lado, o realizador que adaptou a referida obra de Ficção Científica, Stanley Kubrick, sabia igualmente o que estava a filmar. O filme, magna obra de arte de Kubrik (uma das várias que realizou ao longo da sua carreira), retrata duas viagens: a espacial, pelo espaço sideral, e a interior, pela mente do homem (suas memórias e desejos). Uma viagem maior do que a vida. Em "2001 -Odisseia no Espaço", a personagem principal acaba por ser um... computador. Estávamos em 1969, muito longe ainda da erupção tecnológica e informática da era actual. HAL 9000, de seu nome, esse computador central, representado por uma brilhante luzinha vermelha, tinha a capacidade de falar naturalmente, monitorizar tudo o que se passava na nave espacial, detectar as emoções humanas, apreciar manifestações artísticas, e tomar decisões tidas como racionais. Apesar de programado para obedecer à voz humana, Hal 9000 acaba por ganhar vontade própria e aniquilar a vida humana.

Este computador acaba por constituir uma medonha metáfora premonitória da realidade contemporânea: todos os dias ouvimos notícias que informam sobre a videovigilância do cidadão comum, nas ruas e locais públicos. Câmaras, computadores, satélites, tecnologias a rodos, tudo para controlar a vida humana. Cada vez mais numa espécie de "Big Brother" orwelliano, caminhamos para essa pessimista distopia profetizada por Aldous Huxley. Uma sociedade globalizada e altamente tecnológica, manietada pela paranóia da segurança e pelo medo incutido às massas. Hal 9000 era ameaçador. E ameaçadora se tornou a socieadade moldada sob o paradigma tecnológico.

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